Havia, há
muito tempo, um clubinho no lado direito da grande casa dos dois pratões.
Ninguém ligava pra ele, não se ouvia falar dele. Isso ocorria porque existiam
muitos outros clubinhos naquela casa. Muito disputados pelos grandes
dinossauros e seus poderosos amigos, eles eram. Porém, o clubinho sempre ficava
em segundo plano, nenhum dinossauro queria tomar conta dele.
Daí, num dia,
o grupo dos dinossauros que tomavam conta do clubinho não quis mais olhar por
ele. Passou esse encargo para outro grupo de dinossauros, um grupo menor e
menos influente na casa dos dois pratões. E esse grupo escolheu para chefe do
clubinho, um dinossauro encrenqueiro e muito falante.
De repente,
como uma saraivada de balas, todos os dinossauros começaram a olhar para aquele
clubinho. E também os mamíferos que confiaram naqueles dinossauros viraram seus olhos
para o clubinho e seu novo chefe. E esse dinossaurinho levado não parava de
soltar frase polêmicas no clubinho. Ele se dizia contra os mamíferos que comiam
frutas nas árvores mais baixas só porque ele e aprendeu que comer das mais
altas era o certo. Também era contra a ideia de que mamíferos roedores podiam
se entender com equinos e muito mais.
Mas os chefes do seu grupo não faziam nada.
Muitos mamíferos
e dinossauros começaram a se revoltar pra tirá-lo do clubinho, mas ele não
queria sair. Dizia que ninguém entendia suas ideias e que ele ia fazer o
clubinho ser aceito entre os clubes maiores da casa. O dinossauro falante até
tentou se explicar pros mamíferos diante de um perguntador deles, mas não
conseguia convencer nenhum deles.
As falas que o
dinossaurinho disse foram muito feias e não se deve repeti-las. Talvez ele não
seja mesmo o melhor chefe para o clubinho e nem devesse estar entre os
dinossauros naquela casa.
Mas sempre é
bom terminar uma história com um final feliz e uma frase clichê – mesmo sabendo
que na realidade as coisas não são sempre assim. O clubinho agora está mais
visível na casa dos dois pratões, um dinossauro mais cauteloso pode, ainda,
tomar conta dele. Há males – têm vezes isso acontece, pode acreditar – que vem
para bem.
PS.: Depois de ler e revisar a historinha
não me convenci por inteiro sobre a frase clichê, mas foi assim que o avô de
meu avô contou essa passagem há muito tempo atrás e não seria eu quem mudaria
isso.